É difícil começar. Mais difícil ainda é iniciar um blog que se propõe a questionar a crítica, sem deixar claro que há alguns pressupostos que nos parecem bem verdadeiros.
Recentemente, no cinema, tem se observado algo de bastante peculiar. Seria de se esperar que as novas gerações de cineastas estivessem na linha de frente quando o assunto é a renovação dessa arte. Seria quase que lógico que eles é que deveriam ser os mais livres, os mais libertários, os menos amarrados a esquemas. Seria...
Se tomarmos apenas o cinema do Brasil recente, o que veremos? As obras mais significativas, que mais puxam os tapetes do estabelecido, que mais nos deixam sem chão estão nas mãos de antigos conhecidos: José Mojica, Coutinho, Carlão, Tonacci...
O que teria levado a nova geração a esse segundo plano estético e, por que não dizer, político? Teria essa geração elaborado os seus sensos artísticos em uma época já completamente impregnada por ideais obscuros e escravagistas como – só para citar um exemplo – o inferno do politicamente correto?Bom... isso é assunto para mais adiante, para o futuro (futuro no qual, sinceramente, não se espera encontrar apenas Resnais, Oliveira, Rivette e Eastwood – além dos brasileiros já citados!).
Mas dissemos tudo isso para chegar à bendita (nesse caso) Crítica.É inegável, pra quem ainda tiver olhos livres (mais do que nunca, com trocadilho!), que as frases mais inspiradoras a respeito do cinema ultimamente, foram ditas por Inácio Araújo em seu blog. Ele, também, um conhecido de longa data.
Vou tomar a liberdade de citar algumas dessas sentenças que, é claro, farão muito mais sentido e terão muito mais sabor quando apreendidas na íntegra, nos textos originais do inestimável blog:
"Li num site uma frase assim: Viva a nova geração do cinema brasileiro! Acrescento: viva o amadorismo (isto é, o que é feito com e por amor)."
"Hoje talvez haja muitas maneiras de fazer bons filmes. Nós, que escrevemos, às vezes gostaríamos de limitá-las, quase para facilitar o serviço. Mas o cinema terá de encontrar maneiras de fugir ao esperado, de um jeito ou de outro."
"(...) Mesmo a quem não entender francês ou inglês recomendo ver Renoir falando: seu falar expressa em grande medida sua maneira de sentir o mundo, que colocou de maneira tão delicada e incisiva nos filmes dele, em que a arte parece só fazer sentido se coincidir com a arte de viver."
"Nossos critérios de distribuição e exibição são tão mixurucos, tão atrasados, que daqui a pouco ninguém mais vai lembrar como é um bom filme."
"A vida está cheia de dogmas. O cinema não precisa de dogmas."
"(...) Ainda assim, o mundo não acaba aí. Existe sempre a hipótese do encontro. De um novo encontro. De uma convivência nova. O mundo existe para isso, afinal: para a convivência, não para a dominação."
"(...) não existe arte, se não existe risco."
Depois disso, só nos resta desejar: vida longa às idéias jovens!


