sábado, 20 de junho de 2009

Início: Inácio

Veronika Voss: “- A Arte tem que ser livre. De outra forma, como poderia libertar as pessoas?”
É difícil começar. Mais difícil ainda é iniciar um blog que se propõe a questionar a crítica, sem deixar claro que há alguns pressupostos que nos parecem bem verdadeiros.
Recentemente, no cinema, tem se observado algo de bastante peculiar. Seria de se esperar que as novas gerações de cineastas estivessem na linha de frente quando o assunto é a renovação dessa arte. Seria quase que lógico que eles é que deveriam ser os mais livres, os mais libertários, os menos amarrados a esquemas. Seria...
Se tomarmos apenas o cinema do Brasil recente, o que veremos? As obras mais significativas, que mais puxam os tapetes do estabelecido, que mais nos deixam sem chão estão nas mãos de antigos conhecidos: José Mojica, Coutinho, Carlão, Tonacci...
O que teria levado a nova geração a esse segundo plano estético e, por que não dizer, político? Teria essa geração elaborado os seus sensos artísticos em uma época já completamente impregnada por ideais obscuros e escravagistas como – só para citar um exemplo – o inferno do politicamente correto?Bom... isso é assunto para mais adiante, para o futuro (futuro no qual, sinceramente, não se espera encontrar apenas Resnais, Oliveira, Rivette e Eastwood – além dos brasileiros já citados!).
Mas dissemos tudo isso para chegar à bendita (nesse caso) Crítica.É inegável, pra quem ainda tiver olhos livres (mais do que nunca, com trocadilho!), que as frases mais inspiradoras a respeito do cinema ultimamente, foram ditas por Inácio Araújo em seu blog. Ele, também, um conhecido de longa data.
Vou tomar a liberdade de citar algumas dessas sentenças que, é claro, farão muito mais sentido e terão muito mais sabor quando apreendidas na íntegra, nos textos originais do inestimável blog:
"Li num site uma frase assim: Viva a nova geração do cinema brasileiro! Acrescento: viva o amadorismo (isto é, o que é feito com e por amor)."
"Hoje talvez haja muitas maneiras de fazer bons filmes. Nós, que escrevemos, às vezes gostaríamos de limitá-las, quase para facilitar o serviço. Mas o cinema terá de encontrar maneiras de fugir ao esperado, de um jeito ou de outro."
"(...) Mesmo a quem não entender francês ou inglês recomendo ver Renoir falando: seu falar expressa em grande medida sua maneira de sentir o mundo, que colocou de maneira tão delicada e incisiva nos filmes dele, em que a arte parece só fazer sentido se coincidir com a arte de viver."
"Nossos critérios de distribuição e exibição são tão mixurucos, tão atrasados, que daqui a pouco ninguém mais vai lembrar como é um bom filme." "A vida está cheia de dogmas. O cinema não precisa de dogmas."
"(...) Ainda assim, o mundo não acaba aí. Existe sempre a hipótese do encontro. De um novo encontro. De uma convivência nova. O mundo existe para isso, afinal: para a convivência, não para a dominação." "(...) não existe arte, se não existe risco."
Depois disso, só nos resta desejar: vida longa às idéias jovens!

Gosto - ou "Chacun son Cinéma"

Diretores de "Chacun son Cinéma" exibido em Cannes 2007
Enfim, talvez seja verdade mesmo: gosto não se discute. Democracia é bom e... preserva os dentes, como se costumava dizer. Ou, ainda, como diriam os franceses, chacun à son goût. No entanto, podemos discutir, sim (e é por isso que estamos aqui), qual a procedência, por assim dizer, desse gosto. De que meios se utiliza aquele que opina (critica)? Qual o histórico da formação do seu gosto? Que razões misteriosas poderiam alavancar uma opinião a um patamar de supremacia? Que motivações escusas estariam a contribuir e qual o grau de parcialidade empregado na elaboração de um comentário? E, também (claro!), por que deveríamos simplesmente cagar e andar para essa ou aquela critica? A internet democratizou a emissão de opiniões, para o bem e para o mal – lógico que muito mais para o bem!!! E hoje, qualquer um pode, em algum desses zilhões de blogs – muitos deles detestáveis – tentar formar a sua própria horda de seguidores, quase sempre disposta a incensar o seu líder, algumas das vezes com razão e justiça... outras nem tanto. Muito se fala sobre as obras em si, sobre seus métodos e seus resultados. É hora de se falar também dos resultados e dos métodos daqueles que se propõem a julgar. Por tudo isso, a existência de mais um blog.
E, desde já, qualquer contribuição, desde que devidamente filtrada pela 1) sua auto-critica e 2) pelo nosso próprio crivo, será bem-vinda!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

critérios

Cri-térios. terraplanagem. gen? aquilo segundo o qual e, em conjunto, forma o porquê não se pode isso ou aquilo, ou se aquilo pode ou não se pode. Ou o que é bom, interessante; ou ruim, repugnante.

Há um problema. Quem estabelece o critério? O que vem antes dele? E o que se precisa pra que algo seja consistente? É a quantidade que dá consistência? Ou é o que vem antes, mesmo que seja pouco? O que vem antes? Observando a vida, a arte e as relações, seria critério aquilo que se torna válido de acordo com os interesses de quem tem algum interesse em algo julgado através de critérios? São questões. Não sei as respostas. E não sei se quero sabê-las. Carol.